quarta-feira, 16 de novembro de 2011

7ª lista de atividades de Língua Portuguesa

DESCRITOR 18 – 1. (Prova Brasil 2007)

A BELEZA TOTAL

           A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
            A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
           O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
           Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.

Em que oração, adaptada do texto, o verbo personificou um objeto?
a) o espelho partiu-se em mil estilhaços.
b) os veículos paravam contra a vontade dos condutores.
c) o senado aprovou uma lei em regime de urgência.
d) os espelhos pasmavam diante do rosto de Gertrudes.

DESCRITOR 18 – 2. Leia a poesia abaixo e responda à questão.

O mundo do menino impossível
Fim da tarde, boquinha da noite
com as primeiras estrelas
e os derradeiros sinos.
Entre as estrelas e lá detrás da Igreja,
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.
LIMA, Jorge de. Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.

O trecho “surge a lua cheia/para chorar com os poetas” é:
a) uma metáfora.            
b) uma ironia.
c) uma personificação
d) a suavização de uma ideia.

DESCRITOR 18 – 3.  Leia a poesia abaixo e responda à questão:

Inutilidades

Ninguém coça as costas da cadeira.
Ninguém chupa a manga da camisa.
O piano jamais abana a cauda.
Tem asa, porém a xícara não voa.
De que serve o pé da mesa se não anda?
E a boca da calça se não fala nunca?
Nem sempre o botão está em sua casa.
O dente de alho não morde coisa alguma.
Ah! se trotassem os cavalos do motor ...
Ah! se fosse de circo o macaco do carro ...
Então a menina dos olhos comeria
Até bolo esportivo e bala de revólver.
PAES, José Paulo. É isso ali. Rio de janeiro: Salamandra, 2005.

As expressões “costas da cadeira”, “manga da camisa” e “asa da xícara” são exemplos de:
a) personificação.
b) metáfora.
c) ironia.
d) exagero.

DESCRITOR 18 – 4.  Leia a letra da música e responda à questão:

Metáfora

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora
Gilberto Gil

A figura de linguagem explicada na letra da canção tem por objetivo:
a) fazer um contraste proposital entre o que se diz e o que se pensa ou faz.
b) mostrar a essência das coisas, ou seja, aquilo que é percebido como fundamental num objeto, num evento etc.
c) manter o sentido habitual de uma palavra ou expressão, acrescentando um segundo significado.
d) alterar o sentido habitual de uma palavra ou expressão, acrescentando-lhe um segundo significado.

DESCRITOR 18 – 5. Leia a poesia abaixo e responda à questão:

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível¹!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios².)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1983.


¹ - aquele a quem não se pode iludir.
² - magia; artimanha (artifício)

O trecho “Quando a indesejada das gentes chegar” sugere que o autor suavizou o tema do poema, que trata da:
a) morte.
b) vida.
c) desagradável companhia de algumas visitas.
d) noite.




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