domingo, 13 de novembro de 2011

5ª lista de exercícios de Língua Portuguesa - Prova Brasil

DESCRITOR 14.
1. Leia o conto a seguir e responda à questão:
CONTO DE ESCOLA
A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia - uma segunda-feira, do mês de maio - deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o Campo de Sant'Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razão.
Na semana anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, recebi o pagamento das mãos de meu pai, que me deu uma sova de vara de marmeleiro. As sovas de meu pai doíam por muito tempo. Era um velho empregado do Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante. Sonhava para mim uma grande posição comercial, e tinha ânsia de me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes de capitalistas que tinham começado ao balcão. Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou naquela manhã para o colégio. Não era um menino de virtudes.
ASSIS. Machado de. Contos. Série Bom Livro. São Paulo: Ática, 1996

A expressão que revela uma opinião para o fato “...recebi o pagamento das mãos de meu pai...” é:
a) “As sovas de meu pai doíam por muito tempo”.
b) “Era um velho empregado do Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante”.
c) “...tinha ânsia de me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e contar, para me meter de caixeiro”.
d) “...foi lembrança do último castigo que me levou naquela manhã para o colégio”.

DESCRITOR 14
2. Leia o texto abaixo e responda à questão:

Receita da Casa

           Ciro dos Anjos escreveu, faz pouco tempo, uma de suas páginas mais belas sobre as antigas fazendas mineiras. Ele dá os requisitos essenciais a uma fazenda bastante lírica, incluindo, mesmo, uma certa menina de vestido branco. Nada sei dessas coisas, mas juro que entendo alguma coisa de arquitetura urbana, embora Caloca, Aldari, Jorge Moreira e Ernanai, pobres arquitetos profissionais, acharam que não.
            Assim vos direi que a primeira coisa a respeito de uma casa é que ela deve ter um porão, um bom porão com entrada pela frente e saída pelos fundos. Esse porão deve ser habitável porém inabitado; e ter alguns quartos sem iluminação alguma, onde se devem amontoar móveis antigos, quebrados, objetos desprezados e baús esquecidos. Deve ser o cemitério das coisas. Ali, sob os pés da família, como se fosse no subconsciente dos vivos, jazerão os leques, as cadeiras, as fantasias do carnaval do ano de 1920, as gravatas manchadas, os sapatos que outrora andam em caminhos longe.
            Quando acaso descerem ao porão, as crianças hão de ficar um pouco intrigadas e como crianças são animais levianos, é preciso que se intriguem um pouco, tenham uma certa perspectiva histórica, meditem que, por mais incrível e extra-ordinário que pareça, as pessoas grandes também já foram crianças, a sua avó já foi a bailes, e outras coisas instrutivas que são um pouco tristes mas hão de restaurar, a seus olhos, a dignidade corrompida das pessoas adultas.
BRAGA. Rubem. 200 crônicas escolhidas. São Paulo: Círculo do livro, 1977

O trecho que reflete a opinião doautor sobre o seu conhecimento de arquitetura urbana é:
a) “Ele dá os requisitos essenciais a uma fazenda bastante lírica...”.
b) “...e ter alguns quartos sem iluminação alguma, onde se devem amontoar móveis antigos...”.
c) “... a primeira coisa a respeito de uma casa é que ela deve ter um porão...”.
d) “... e como crianças são animais levianos é preciso que se intriguem um pouco...”.

DESCRITOR 14
3. Leia o texto abaixo e responda à questão:





DESCRITOR 14
4. Leia com atenção a crônica a seguir e responda à questão:

Gritos ou sorrisos

Olho em torno. Estou em uma sala ricamente decorada com móveis antigos e lustres de cristal. Vestida com uma grife importante e adornada com joias de bom gosto, a anfitriã recebe com distinção um pequeno grupo de convidados, do qual faço parte. Conversa delicadamente sobre artes, viagens e outras amenidades. O copeiro entra com uma bandeja com refrescos e champanhe. Mas comete uma gafe: oferece-me uma taça antes de servir uma convidada – a etiqueta manda que as mulheres sejam servidas em primeiro lugar. Imediatamente, a voz da dona da casa se torna dura, ríspida, cheia de raiva.

– Será que você nunca aprende? – acusa. – Não sabe se comportar?

O homem murmura desculpas envergonhado e se retira humilhado. Ela suspira.

– Essa gentinha não tem jeito!

Fico pasmo. Onde foi parar a elegância? Por que humilhar um subalterno devido a um erro de etiqueta ao qual ninguém daria importância? Sempre me defronto com esse tipo de situação: gente que gosta de humilhar os outros, principalmente quem não pode se defender.
CARRASCO, Walcyr. Gritos ou sorrisos, Veja São Paulo, nº 10, Abril, 11 mar. 2009 (fragmento)


O comentário do autor sobre a atitude da mulher está em:
a) “-Será que você nunca aprende?”
b) “...gente que gosta de humilhar os outros, principalmente quem não pode se defender”.
c) “Mas comete uma gafe: oferece-me uma taça antes de servir uma convidada...”.
d) “- Essa gentinha não tem jeito!”.

Nenhum comentário: